Dias VisoVox – conferências, oficinas, encontros

Está patente na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, até ao próximo dia 30 de setembro, a exposição VisoVox: Poesia Visual e Sonora, com curadoria de Américo Rodrigues, José Alberto Ferreira, e Manuel Portela.

 

Dia 27 e 28 de setembro haverá espaço para um conjunto de actividades paralelas, realizadas em colaboração com o Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e com o Departamento de Línguas e Literaturas da Universidade de Évora.

 

O programa é o seguinte: Continue reading

Tosse

Alkantara Festival 2018

A tosse de uma senhora palestiniana

Na sala grande do S. Luiz , preenchendo todo o volume do palco, desce do topo o desenho em perspetiva de três naves (uma central e duas laterais, mais estreitas) definidas por colunas rendilhadas de nervuras cinzentas arabescamente alçadas em ogiva, numa encenação tridimensional de um esboço arquitectónico, à imagem dos desenhos de Giovanni Carlo Galli-Bibiena (1717-1760, IT).  Continue reading

Vocês, humanos

Trompe l’oeil 

Entramos e sentamo-nos numa pequena sala fortemente iluminada, disposta em anfiteatro, com um enorme espelho circular que abarca o reflexo dos nove participantes, cada um com auscultadores. Selecionada a língua, a audio-guia apresenta-nos os seres diante de nós — ou seja, nós próprios — e convida-nos a observá-los(nos) atentamente, inclusive a considerar alguns parâmetros associados àquela espécie, como a longevidade: “Mostre por gestos a sua idade”, “Qual deles irá viver mais tempo?”, “Quem irá desaparecer primeiro?”…

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Overtones

Na véspera da lua vermelha, quatro enviados da República Federal Russa de Tuva apresentaram-se no Castelo de Sines . Toda a formalidade foi cumprida, desde a saudação respeitosa à cuidadosa afinação antes de cada música, sem esquecer a devida contextualização do local de cada prece: montanha, rio, cavalo, guerreiro… “Devem viver num sítio muito bonito”, dizia alguém no público. Com lua cheia em fundo, em arrebol escurecente, quando as quatro vozes arrancaram no subgrave, nós vibrámos também:

Huun Huur Tu – Ancestors (2010)

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Ultrascores

 

Pássaros, assobios, conversas, paradas, discursos… — tudo isto constitui material para o francês de ascendência martinicana Christophe Chassol (1976, Paris) que, num espetáculo de sincronização magicamente irrepreensível, articula vídeo, som e acompanhamento instrumental em tempo real.

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Alvin Lucier: os Casulos do Tempo

Ponto de Escuta

 

Jaap Blonk. 1993. “Flux-De-Bouche”. Fundação Eugénio de Almeida, Évora: Viso-Vox.

O primeiro Ponto de Escuta deu-se a ouvir no dia 25 de Julho de 2018 na Fundação Eugénio de Almeida em Évora, com as vozes de Nuno Miguel Neves e Tiago Schwäbl, no âmbito da exposição VisoVox.

Na primeira parte, Nuno Miguel Neves traçou o esqueleto histórico e concetual da poesia sonora numa vibrante série de RRRRR…
Na segunda — meio ponto de escuta —, construiu-se a ponte a partir de dois autores representados na exposição: Alvin Lucier e Charles Dodge.

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Do you want to make a noise? Yes? Make one.

.                                                                                        Cornelius Cardew. 1968. Scooltime Special – B

Instruções de Execução

Notas à margem do workshop Partituras verbais: Ver e Fazer, por Sérgio Abdalla, entre 17 e 19 de Julho de 2018, na Lisboa Incomum.

Partitura é geralmente definida nos dicionários como um suporte gráfico para (a)notações inscritas/ impressas, construindo uma composição que será depois interpretada e traduzida em som. 
A amplitude de abertura desta descrição é tal, que este mesmo post poderia ser considerado, em sentido lato, uma partitura; contudo — galgando aqui a historiografia da notação musical —, este será o aspeto convencional de uma partitura de “música erudita contemporânea” :

Heinz Holliger. 1981. Estudo II para Oboé [excerto]

Esta é a linguagem que a maioria dos músicos está habituada a ler . Mas há sempre momentos onde — em maior ou menor medida — as fronteiras são desafiadas, criando problemas de leitura e interpretação, clivagens de correspondência entre significante e significado, entre o ‘comando’ gráfico e a imagem sonora a reproduzir. 

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Partituras verbais

Entre os dias 17 e 19 de Julho de 2018 será dado um workshop com o título “Partituras Verbais”. A iniciativa está a cargo do Festival Dias de Música Electroacústica (DME) — fundado em Seia pelo compositor Jaime Reis — e terá lugar na Lisboa Incomum.
Sérgio Abdalla orientará as sessões. Formado em composição eletroacústica, defendeu, em setembro 2017, na Universidade de São Paulo, a dissertação de mestrado Partituras verbais e sua relação problemática com a música.
Mais informação em: http://www.festival-dme.org
 

Yapp Yapp!!

Jaap Blonk (born 1953 in Woerden, Holland) is well-known in the rich niche of strange voices. 
Ursonate (1986) and Flux De Bouche ‎(1993) launched him in the international world of vocal experimentation. The turn of the century heard him turning-tables and mixing electronics…

Despite all the commitment, sound poetry is still a strange place:

Vox Media  through HIPOGLOTE — had the chance to hear Blonk’s testimony and the privilege of some live-improvised pieces.
Let’s hear him:

Voz ao Canto

Afinal, por que é a voz extraordinária?

…a voz — tal como na fábula de Esopo —subjetiva aquele que a emite, mesmo que seja um animal. A voz pertence aos vivos; ela comunica a presença de um ser em carne e osso; assinala uma garganta, um corpo em particular.
Adriana Cavarero (2005: 177) [trad.TS]

É de facto admirável que um instrumento com características em geral semelhantes — pulmões, traqueia, laringe, boca…— possa ser representado por tantas faces e tomar simultaneamente um lugar tão específico na nossa perceção. A sua presença ou emissão adquire tal amplitude que se torna necessário atribuir um enquadramento. Quão amplas são as facetas do esgar vocal? Quantos ouvidos tange à sua passagem? Quais os limites de um órgão tão velho quanto a existência humana? 

O lugar da voz emana diferentes paisagens; no sentido “azguimiano”, a voz extraordinária resulta de um desafio lançado a compositores e intérpretes, ao rolar da ‘música erudita contemporânea’, das obras que colocam o elemento extraordinário (piano, percussão, voz… consoante a temporada) em destaque ou em cheque. O seu lado oculto é (com)posto a nu pela mão do programador da temporada, Miguel Azguime.

São quatro as vozes extraordinárias, 4 recitais integrados nas Festas de Lisboa 2018 durante o mês de Junho, nos dias 22, 23, 29 e 30 às 21h30 no O’culto da Ajuda, protagonizados por Katia Guedes, Marina Pacheco, o Duo Savina Yannatou e a pianista Joana Sá, e o Duo Tágide com Inês Simões e o pianista Daniel Godinho.
No O’culto da Ajuda, Travessa das Zebras, 25.

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