“Rubato” – Hipoglote de 23 de Nov. 2020

Nesta emissão de Hipoglote, Tiago Schwäbl apresenta-nos narrativas, parábolas, ensaios, com vozes e línguas diferentes. Interrompem, suspendem e alteram-se músicas, vozes e vários pensamentos, muitas vezes dedicados ao tempo, à velocidade, à duração.

“Rubato” será originalmente o tempo musical roubado. Especularemos a quem será roubado. Talvez seja ao discurso do autor, feito de citações e regularmente interrompido.

Pode ser escutado aqui: https://www.rtp.pt/play/p6503/hipoglote 

 

Hipoglote de 16 de Nov. 2020 “Armas e linguagem”

Nesta emissão de Hipoglote, Tiago Schwäbl percorre guerras e pós-guerras. 

Apresenta-nos ora uma narrativa, ora ensaio, em colagem de sons, músicas, palavras, de músicas, poetas, filmes, depoimentos.

A realidade e ficção misturadas em várias línguas, idades e media, entre silêncios e a voz do próprio autor do programa.

 

Pode ser escutado aqui:

https://www.rtp.pt/play/p6503/hipoglote

 

Alvin Lucier: os Casulos do Tempo

Ponto de Escuta

 

Jaap Blonk. 1993. “Flux-De-Bouche”. Fundação Eugénio de Almeida, Évora: Viso-Vox.

O primeiro Ponto de Escuta deu-se a ouvir no dia 25 de Julho de 2018 na Fundação Eugénio de Almeida em Évora, com as vozes de Nuno Miguel Neves e Tiago Schwäbl, no âmbito da exposição VisoVox.

Na primeira parte, Nuno Miguel Neves traçou o esqueleto histórico e concetual da poesia sonora numa vibrante série de RRRRR…
Na segunda — meio ponto de escuta —, construiu-se a ponte a partir de dois autores representados na exposição: Alvin Lucier e Charles Dodge.

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Do you want to make a noise? Yes? Make one.

.                                                                                        Cornelius Cardew. 1968. Scooltime Special – B

Instruções de Execução

Notas à margem do workshop Partituras verbais: Ver e Fazer, por Sérgio Abdalla, entre 17 e 19 de Julho de 2018, na Lisboa Incomum.

Partitura é geralmente definida nos dicionários como um suporte gráfico para (a)notações inscritas/ impressas, construindo uma composição que será depois interpretada e traduzida em som. 
A amplitude de abertura desta descrição é tal, que este mesmo post poderia ser considerado, em sentido lato, uma partitura; contudo — galgando aqui a historiografia da notação musical —, este será o aspeto convencional de uma partitura de “música erudita contemporânea” :

Heinz Holliger. 1981. Estudo II para Oboé [excerto]

Esta é a linguagem que a maioria dos músicos está habituada a ler . Mas há sempre momentos onde — em maior ou menor medida — as fronteiras são desafiadas, criando problemas de leitura e interpretação, clivagens de correspondência entre significante e significado, entre o ‘comando’ gráfico e a imagem sonora a reproduzir. 

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Partituras verbais

Entre os dias 17 e 19 de Julho de 2018 será dado um workshop com o título “Partituras Verbais”. A iniciativa está a cargo do Festival Dias de Música Electroacústica (DME) — fundado em Seia pelo compositor Jaime Reis — e terá lugar na Lisboa Incomum.
Sérgio Abdalla orientará as sessões. Formado em composição eletroacústica, defendeu, em setembro 2017, na Universidade de São Paulo, a dissertação de mestrado Partituras verbais e sua relação problemática com a música.
Mais informação em: http://www.festival-dme.org
 

Yapp Yapp!!

Jaap Blonk (born 1953 in Woerden, Holland) is well-known in the rich niche of strange voices. 
Ursonate (1986) and Flux De Bouche ‎(1993) launched him in the international world of vocal experimentation. The turn of the century heard him turning-tables and mixing electronics…

Despite all the commitment, sound poetry is still a strange place:

Vox Media  through HIPOGLOTE — had the chance to hear Blonk’s testimony and the privilege of some live-improvised pieces.
Let’s hear him:

Voz ao Canto

Afinal, por que é a voz extraordinária?

…a voz — tal como na fábula de Esopo —subjetiva aquele que a emite, mesmo que seja um animal. A voz pertence aos vivos; ela comunica a presença de um ser em carne e osso; assinala uma garganta, um corpo em particular.
Adriana Cavarero (2005: 177) [trad.TS]

É de facto admirável que um instrumento com características em geral semelhantes — pulmões, traqueia, laringe, boca…— possa ser representado por tantas faces e tomar simultaneamente um lugar tão específico na nossa perceção. A sua presença ou emissão adquire tal amplitude que se torna necessário atribuir um enquadramento. Quão amplas são as facetas do esgar vocal? Quantos ouvidos tange à sua passagem? Quais os limites de um órgão tão velho quanto a existência humana? 

O lugar da voz emana diferentes paisagens; no sentido “azguimiano”, a voz extraordinária resulta de um desafio lançado a compositores e intérpretes, ao rolar da ‘música erudita contemporânea’, das obras que colocam o elemento extraordinário (piano, percussão, voz… consoante a temporada) em destaque ou em cheque. O seu lado oculto é (com)posto a nu pela mão do programador da temporada, Miguel Azguime.

São quatro as vozes extraordinárias, 4 recitais integrados nas Festas de Lisboa 2018 durante o mês de Junho, nos dias 22, 23, 29 e 30 às 21h30 no O’culto da Ajuda, protagonizados por Katia Guedes, Marina Pacheco, o Duo Savina Yannatou e a pianista Joana Sá, e o Duo Tágide com Inês Simões e o pianista Daniel Godinho.
No O’culto da Ajuda, Travessa das Zebras, 25.

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SJ Fowler no HIPOGLOTE

Steven J. Fowler apresenta um portfólio verdadeiramente impressionante, desde poesia a teatro, performance, fotografia, arte visual ou poesia sonora… sendo ainda responsável por uma dinâmica fora de série na divulgação, acolhimento e incentivo à colaboração entre artistas.

O pretexto inicial para a conversa com SJ Fowler partiu de uma referência de Clive Fencott à cena experimental londrina dos anos setenta e oitenta em torno do Writers Forum orientado por Bob Cobbing. 

Trinta anos e um Brexit depois, a situação mudou muito. De tudo isso e muito mais nos fala Steven Fowler, numa das mais refrescantes conversas dos últimos tempos:

A entrevista foi realizada por Tiago Schwäbl e Nuno Miguel Neves,numa triangulação Lisboa-Setúbal-Londres, via Skype, a 16 de Maio de 2018.

A gravação vai para o ar no programa HIPOGLOTE da Rádio Universidade de Coimbra, na noite de domingo para segunda, dia 18 de Junho de 2018, à meia-noite.

A não perder! 

(a-)sincronias ao despique

Flora Détraz: Muyte Maker 

Quatro raparigas sentadas a quatro mesas, tampos no escuro, pernas reluzindo oito meias brancas em V. Ajeita-se o público, inverte-se a iluminação e o ângulo, agora circunflexo, dos braços às palmas das mãos nas bochechas. Na cabeça, ‘chapéus’ de fruta prolongando-se na trança de cabelo puxada por uma corrente ao alto das barras da iluminação, pendendo mais atrás em contrapesos sui generis: um martelo, um cutelo, uma foice e um saca-rolhas gigante.

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O grasnar do esquecimento

Roda de público alinhado elipticamente ao longo da fronteira calçada-areia dos intra-muros do castelo de S. Jorge, outros pendurados nas ameias com vista além Tejo, tarde de verão novo amansando no chilrear expetante de arena cultural, um olho na chuva, outro na tenda roxa encostada à muralha. E eis que de lá sai um compacto de mulheres vestidas de negro (leg-ins, sapatos rasos, túnica de manga comprida) com lenços brancos na cabeça. 

O grupo pára a meio-trajeto, vão-se destacando uma a uma, lentamente, dispondo-se no centro da praça. As caras que se aproximam impressionam, terrivelmente sérias, lúgubres, linhas de rosto como facas, pele dourada, andar lento e frouxo marcando a fraqueza aparente das decanas — o coro das velhas. Ajustadas as posições no ovo central da praça, viradas em diferentes direções, aguardam.

Silêncio absoluto, tensão total.

 

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