O grasnar do esquecimento

Roda de público alinhado elipticamente ao longo da fronteira calçada-areia dos intra-muros do castelo de S. Jorge, outros pendurados nas ameias com vista além Tejo, tarde de verão novo amansando no chilrear expetante de arena cultural, um olho na chuva, outro na tenda roxa encostada à muralha. E eis que de lá sai um compacto de mulheres vestidas de negro (leg-ins, sapatos rasos, túnica de manga comprida) com lenços brancos na cabeça. 

O grupo pára a meio-trajeto, vão-se destacando uma a uma, lentamente, dispondo-se no centro da praça. As caras que se aproximam impressionam, terrivelmente sérias, lúgubres, linhas de rosto como facas, pele dourada, andar lento e frouxo marcando a fraqueza aparente das decanas — o coro das velhas. Ajustadas as posições no ovo central da praça, viradas em diferentes direções, aguardam.

Silêncio absoluto, tensão total.

 

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