Miguel Torga por Miguel Torga

Na data da morte de Miguel Torga, 17 de janeiro de 1995, lembrar algumas palavras escritas a propósito da gravação do seu primeiro disco de poesia na editora Portuense, Orfeu:

“Miramar, 12 de Setembro de 1958

Gravar poesia nossa… Entrar numa câmara de silêncio, ler versos, e ouvir depois a própria voz desligada do corpo, sozinha, estranhamente exaltada ou enternecida, ora grave, ora aguda, áspera e suave no mesmo instante, mas sempre aflita, a clamar na solidão da noite como uma alma penada…”
(Diário, VIII, 1959)

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Materialidades da Literatura 2017-2018: bolsas de doutoramento

O Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura (Programa de Doutoramento FCT) abre candidaturas para a edição com início em 2017-2018 (6 vagas). As candidaturas decorrem, numa única fase, de 8 a 31 de janeiro de 2018 (6 vagas). O Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura (Programa de Doutoramento FCT) atribuirá 5 bolsas de doutoramento para a edição com início em 2017-2018 (2º semestre). Todas as informações podem ser consultadas aqui.

Sonificação Musical de Texto: d’ Os Lusíadas ao Twitter

26112444_1873608652950792_8077373182069074431_nO projecto  DAS PALAVRAS NASCEM SONS DOS SONS NASCEM IDEIAS, da responsabilidade do Serviço Educativo do JACC, continua as suas actividades.

Desta vez trata-se de um evento que dá pelo nome de ‘Sonificação Musical de Texto: d’ Os Lusíadas ao Twitter’, uma actividade que terá lugar no Salão Brazil, no próximo dia 27 de janeiro, pelas 16 horas. Estarão presentes Ângela Coelho, Mariana Seiça, Pedro Martins, e Amílcar Cardoso.

Nesta sessão, Pedro Martins e Amílcar Cardoso começarão por contextualizar a Sonificação enquanto área de estudo académica e ferramenta criativa e utilitária. De seguida, Ângela Coelho e Mariana Seiça apresentarão dois projectos académicos sobre Sonificação musical aplicada, respectivamente, à Literatura, através do mapeamento de dados do poema épico ‘Os Lusíadas’ e ao Twitter.

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4 álbuns para escutar entre 2017 e 2018

2017 está já a chegar ao fim. Momento mais que propício, portanto, para que aqui se faça um breve resumo do que foi o ano, no que diz respeito à edição de obras relacionadas com o universo da Poesia Sonora, e para deixar 4 sugestões que pedem escuta atenta no ano que se avizinha.

23659146_1425494704216173_3618757645497175786_nUma primeira nota a merecer destaque, pelo que isso representa para a poesia experimental em Portugal, é a notícia do lançamento de um novo álbum de Américo Rodrigues. Chamar-se-á “Parlatório” e conta com a colaboração habitual de César Prata ( Aorta Tocante [2005]; (Cicatriz:ando [2009]; Porta-Voz [2014]), mas também de José Neves (dramaturgia da voz e montagem); Nuno Veiga (sound design); e Tiago Rodrigues (desenho gráfico).

Pensado a partir da experiência do autor nas oficinas de escrita criativa ministradas no Estabelecimento Prisional da Guarda, e de testemunhos aí recolhidos, “Parlatório” apresenta-se como uma viagem por um universo sonoro povoado por referências vocais e textuais mas também por elementos e sonoridades electrónicas naquele que é um dos trabalhos mais contemporâneos de Américo Rodrigues.

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Visual Vocal & Parlatório

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No próximo dia 13 de janeiro, há Poesia Sonora no Salão Brazil, em Coimbra.

Trata-se da apresentação de “Parlatório”, a produção mais recente de Américo Rodrigues, sobre a qual refere o poeta sonoro da Guarda

Há um ano entrevistei demoradamente 7 presos para que me contassem a sua história de vida. A ideia inicial era escrever um livro com narrações daquelas mulheres e homens que estavam a cumprir pena numa prisão do interior de Portugal. Registei em vários cadernos o que de mais importante me disseram (depoimentos de grande autenticidade), sublinhando frases e ligando palavras com setas e outras anotações. O que escrevi foi aquilo que considerei ser o essencial do que ouvi. Histórias de roubos, tráficos, burlas, assaltos, dependências, traições, violências, mortes. Vidas. A partir desse material de base concebi uma peça de poesia sonora que cruza a minha vocalidade (gritos, sussurros, choros, línguas inexistentes, ruídos bucais, cantos de inspiração étnica, estalidos com a língua, terrorismo fonético, etc.) com a leitura dos apontamentos da conversa com aqueles reclusos (leitura branca, interpretação teatral, enganos, hesitações, alteração de velocidade, silêncios, amálgamas, etc.)

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Parlatório

Parlatório é o nome do novo disco de Américo Rodrigues, um dos nomes mais originais e singulares da Poesia Sonora contemporânea e um dos solitários representantes do género em Portugal.

Sobre  a obra, que irá ser lançado brevemente pela Bosq-íman:os, diz o autor

“Há um ano entrevistei demoradamente 7 presos para que me contassem a sua história de vida.A ideia inicial era escrever um livro com narrações daquelas mulheres e homens que estavam a cumprir pena numa prisão do interior de Portugal. Registei em vários cadernos o que de mais importante me disseram (depoimentos de grande autenticidade), sublinhando frases e ligando palavras com setas e outras anotações. O que escrevi foi aquilo que considerei ser o essencial do que ouvi. Histórias de roubos,tráficos, burlas, assaltos, dependências, traições, violências, mortes. Vidas.
A partir desse material de base concebi uma peça de poesia sonora que cruza a minha vocalidade (gritos, sussurros, choros, línguas inexistentes, ruídos bucais, cantos de inspiração étnica, estalidos com a língua, terrorismo fonético, etc.) com a leitura dos apontamentos da conversa com aqueles reclusos (leitura branca, interpretação teatral, enganos, hesitações, alteração de velocidade, silêncios, amálgamas, etc.)
O César Prata gravou tudo. O José Neves vai tratar da “dramaturgia do som” com a ajuda do sound designer Nuno Veiga e o Tiago Rodrigues vai encarregar-se do desenho gráfico.”

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Conferência de Felipe Cussen

88_matlit_cartaz_felipe-cussen_06out2017_webNo próximo dia 6 de outubro de 2017, pelas 14h30, no Anfiteatro V (6º piso, FLUC) Felipe Cussen (Universidad de Santiago de Chile) fará uma palestra intitulada «Cajas», na qual abordará uma série de obras contemporâneas que correspondem a caixas vazias, particularmente de Ben Vautier e Derek Beaulieu, que colocam em questão a relação entre o vazio, o mistério e o dinheiro. A conferência será seguida por uma performance de poesia sonora. Ambas as iniciativas são uma organização do Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura.

 

 

 

Felipe Cussen é Doutorado em Humanidades pela Universitat Pompeu Fabra e investigador do Instituto de Estudios Avanzados de la Universidad de Santiago de Chile. As suas investigações situam-se na área da literatura comparada, especialmente da literatura experimental, das relacões entre poesia e música, e o misticismo. Colabora com o músico Richi Tunacola no duo Cussen & Luna, faz parte do Foro de Escritores y Collective Task, e fez parte da Orquesta de Poetas. Nos últimos anos publicou o álbum “quick faith” (records without records, 2015), e os livros Explicit Content (Gauss PDF, 2015), Closed Caption (Gauss PDF, 2016), Regional Restrictions (Gauss PDF, 2017), e o projeto Correcciones (Information as Material, 2016), que podem ser descarregados gratuitamente.

Radio Conference 2018, Prato, Italy

pratoradioconferenceVai realizar-se, de 10 a 13 de Julho de 2018, a 9.º Conferência de Rádio: Forum Transnacional, na cidade de Prato, Itália. O evento é uma organização conjunta da Escola de Media, Cinema e Jornalismo, da Universidade de Monash, e da Rede MeCCSA de Estudos de Rádio

Segundo a organização

this year’s conference takes inspiration from its location in Italy and the ‘Free Radio’ movement’s push for greater access to media.  In the 1970s, the Libertà d’antenna (Antenna Freedom) advocated strongly for media access by both civil society bodies and commercial interests, forcing an end to the state’s broadcasting monopoly. At the height of the movement, in mid-1978, more than 2000 independent radio stations were on air, making Italy the world leader in stations per capita. The movement not only freed up the Italian broadcasting landscape so new voices from across the political spectrum could be heard, but some stations also actively sought to break radio free from its established aesthetic through experiments in production technology, style and form.

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Stine Janvin nos Efémeros

Quanstine-c2a9-camille-blake-6do a voz se torna sample acontecem coisas estranhas.
Após sofrer toda a filtragem que distancia os lábios de uma coluna, a dimensão espacial da voz altera-se de forma irreversível.
Stine Janvin Motland explora a faixa mais aguda do espectro vocal e exaure-a numa construção que, de tão plástica, excede o cristal; nem o podia ser: trata-se de Fake Synthetic Music.
Este é o título do projeto da norueguesa residente em Berlin que será apresentado no Claustro da Catedral de Viseu no próximo sábado dia 15 de Julho de 2017, pelas 23h, no âmbito do Festival Jardins Efémeros.

Som Sou Voz Vez

Realizou-se este Domingo, 21 de Maio, a performance Som Sou Voz Vez, de Américo Rodrigues. O evento, integrado no programa do Saca Orelhas, teve lugar no Salão Brazil.

O Saca Orelhas: Poesia , Música e Tascas, decorreu de 12 a 21 de Maio, na Baixa de Coimbra, e constituiu-se como um conjunto de eventos, promovidos pela Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), pelo colectivo Fractura Exposta, e pelo Serviço Educativo do JACC, que levaram a poesia e a performance a diferentes locais da cidade.

A performance de Américo Rodrigues, da qual partilhamos um breve vídeo, foi fortemente centrada em textos do seu último álbum, Porta-Voz, de 2014. Enfrento, Obrigadinho!, Partida de Borges para Uqbar, Porquê o quê, ou Ó, tema recorrente durante toda a performance, foram a matéria plástica a partir da qual o poeta sonoro da Guarda construiu, mais uma vez, um trabalho vocal de uma intensidade inusitada.

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