Conferência de Nuno Meireles sobre a representação em Gil Vicente

Em função do adiamento, por motivo de força maior, da conferência com que Nuno Miguel Neves abriria o ciclo de conferências do VOX MEDIA para 2023-24, a conferência de Nuno Meireles, com o título “A Voz que Reescreve? O caso da representação do teatro de Gil Vicente”, desempenhará agora essa função de abertura do ciclo. Recordamos que a conferência terá lugar no dia 19 de dezembro, pelas 18h. Apresentamos em seguida uma sinopse da intervenção de Nuno Meireles:

Falarei de escrita e objetos. Mediações, teatro e vozes. E de encenações.

Um autor escreve teatro. Pode fazê-lo dentro de uma ideia reconhecível de género literário e até de teatro. Por vezes, o autor reescreve esses textos, fazendo várias versões. Compreendemos reescrita como a alteração escrita de algo com existência prévia. No entanto, proponho uma outra noção de reescrita de um texto dramático-literário: reescrita pela voz.

Sabemos que uma palavra pode ter várias entoações, produzindo vários significados. Os significados possíveis multiplicam-se em todo um texto e na sua encenação em palco. Dizendo palavras escritas há centenas de anos, podemos passar de uma ideia reconhecível de género literário e de teatro para outro género e ideia de teatro. Chamaremos a esta proposta de A Voz que Reescreve. Para ilustrar esta sugestão, pegarei no caso do mais representado dos autores em Portugal: Gil Vicente. Aquilo que Vicente escreveu dentro de moldes medievais, tal como assistimos agora, é claramente reescrito pela voz. Não se tocando na forma das frases ou nas palavras, temos muitas encenações (filmadas) a que corresponde um teatro do nosso tempo.

Na forma impressa, Gil Vicente é medieval. Na sua forma representada (agora), é moderno. Falando de mediações, arrisco generalizar: na forma de livro, Vicente é medieval e faz farsas, moralidades e comédias. Na forma de encenações filmadas, é moderno, e fornece palavras para teatro do absurdo ou teatro brechtiano.

Nuno Meireles é Licenciado em Estudos Teatrais – Interpretação (ESMAE, 2001). Doutorado em Materialidades da Literatura (Universidade de Coimbra, 2023. Orientação de José Augusto Cardoso Bernardes) com a Tese “A voz que reescreve: farsas, comédias e moralidades de Gil Vicente lidas com o ouvido em mediação videográfica. Preliminares para um arquivo digital performativo do teatro vicentino”. Foi bolseiro da FCT (2018-2022). Membro Colaborador do Centro de Literatura Portuguesa (FLUC). Tem publicado artigos e feito comunicações sobre o teatro de Gil Vicente, as suas vozes e a encenação contemporânea do autor. Docente em cursos superiores de teatro no Porto. Na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, leciona atualmente História do Teatro, Dramaturgia e Reportório Dramático. Na Escola Superior Artística do Porto, leciona Interpretação.

Estreou-se como ator na Expo 98 com o Teatro de Marionetas do Porto. Participa regularmente em recitais de poesia e em leituras encenadas de poemas. Autor dos textos dramáticos “Casa de tantos quadros” e “Os últimos dias do quotidiano de Helène K.”, foi responsável pela dramaturgia e encenação de “Leixai-me ouvir e folgar – música e drama em Gil Vicente” e “As Obras Completas de Gil Vicente em 45 minutos”. Na Casa da Música (Porto) encenou em estreia nacional “O Grande Enormo – Zaragata em Si Bemol” (Morgan/Pochin) e “Orkestrioska”, ambos dirigidos a um público infanto-juvenil. Tem um projeto a solo, Teatro do Filósofo com o Parvo atado ao Pé, em que parte de textos de Gil Vicente aliando investigação e criação teatral.

Recordamos ainda que as conferências do VOX MEDIA pressupõem inscrição prévia. Segue-se o formulário de inscrição na conferência.

Adiamento

Por razões de saúde, a conferência de Nuno Miguel Neves que abriria a série de conferências do VOX MEDIA para 2023-24 terá de ser adiada. A conferência será de novo agendada, logo que Nuno Neves esteja recuperado.

Conferências VOX MEDIA 2023-24

Anunciámos há pouco o ciclo de conferências do VOX MEDIA para 2023-24, bem como a conferência inaugural por Nuno Miguel Neves. Anunciamos agora os títulos e datas das três conferências seguintes:

Nuno Meireles: “A Voz que Reescreve? O caso da representação do teatro de Gil Vicente”, 19 de dezembro, 18h.

Pedro Serra: “Arqueofonia Revisitada: o caso da voz de Paul Celan”, 12 de janeiro, 18h.

Mafalda Lalanda: “Escutar além da página: Sobre a experiência literária do audiolivro digital em Portugal”, 15 de fevereiro, 18h.

A informação sobre as restantes conferências deste ciclo será comunicada em data próxima. Recordamos que as conferências decorrem em ambiente virtual, exigindo inscrição prévia.

Conferência de Nuno Miguel Neves sobre Poesia Sonora

A primeira conferência do ciclo de conferências 2023-24 do VOX MEDIA terá lugar no próximo dia 29 de novembro de 2023, pelas 18h, estará a cargo de Nuno Miguel Neves e terá como título “La poésie sonore (n’)existe (pas): Ar/quivo, (im)possibilidades e algumas dificuldades”.

Resumo: Entre janeiro e abril de 2023 tive a oportunidade de desenvolver trabalho de pesquisa na área da poesia sonora, nas coleções da Biblioteca Beinecke de Livros Raros e Manuscritos da Universidade de Yale. Proponho-me, a partir do encontro com estas coleções, e a partir de texto de Jean Pierre Bobillot, que empresta o título à presente comunicação, elencar um conjunto de questões que se prendem com as impossibilidades e dificuldades de arquivo da poesia sonora e/ou da sua (sempre (im)possível) (in)definição, mas também com as possibilidades, com as relações interdisciplinares e com a viagem (Henri Chopin dixit) que eles permitem.

Nuno Miguel Neves é doutorado em Materialidades da Literatura com uma tese sobre Poesia Sonora. É também licenciado em Antropologia, área social e cultural, pela Universidade de Coimbra e tem uma Especialização em Estudos Artísticos pela mesma Universidade. Os seus interesses centram-se sobretudo nas questões da voz, poesia sonora, ruído e movimentos de vanguarda. Tem publicações e comunicações sobre poesia sonora e experimental, cultura digital e ainda ampla atuação no domínio das atividades de extensão universitária. Tem vindo também a explorar a literatura marginal e a contracultura no Portugal de 70’s e organizou e editou, em 2022, saíamos em bandos disparando brita, prata, fumos: antologia de João Carlos Raposo Nunes, publicado na Maldoror. Em 2021 foi Leitor do Instituto Camões na Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto, em Luanda. Entre janeiro e abril de 2023 foi bolseiro Ezra Pound na Biblioteca Beinecke de Livros Raros e Manuscritos da Universidade de Yale, EUA. Atualmente é Professor de Estudos Portugueses na Faculdade de Filologia da Universidade de Belgrado e dirige o Centro de Língua Portuguesa na mesma instituição.

Segue-se o formulário de inscrição na conferência.

Ciclo de Conferências 2023-24

O projeto VOX MEDIA. A Voz na Literatura, do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, irá realizar um ciclo de conferências, a partir deste mês de novembro de 2023, e até ao final do ano letivo de 2023-24. O ciclo de conferências destina-se a apresentar o trabalho realizado até ao momento no projeto, mobilizando os membros que o integram. Estão previstas conferências de Nuno Miguel Neves, Nuno Meireles, Pedro Serra e Mafalda Lalanda, até ao mês de fevereiro (os nomes dos conferencistas seguintes serão indicados em breve) As conferências terão lugar online, via Zoom, e os participantes deverão inscrever-se previamente.

Serão atribuídos certificados de participação.

Supra-Camões

(vozes de Nuno Meireles e Mariella Augusta/música de Flávio Villar Fernandes)

Lírica em abismo. Obra interativa: mova o cursor em qualquer direção para perceber o eixo temporal expandido em combinações musicais que contemplam os afetos desses poemas cruzados.

O som da liberdade no drama shakespeariano

O som da liberdade no drama shakespeariano

A musicalidade de Shakespeare deve-se não somente ao inglês, com seus fonemas bastante melodizáveis, com palavras mais curtas e de caráter vocálico (embora mais consonantal do que o inglês americano), sendo um idioma muito propício  às combinações de altura, por exemplo. Mas, deve-se também à mistura que o poeta produziu entre os gêneros e os afetos por meio de seus registros formais ou lexicais.

A complexidade dos sentimentos que podemos simplesmente ouvir em Shakespeare, além de vir da própria língua, vem da riqueza de situações e de personagens construídas pela combinação do alto com o baixo (tão defendida e tão habilitada por Hugo e Goethe), do sublime com o grotesco, dos versos brancos com as rimas, do metro com a prosa, dos trocadilhos e das canções com a linguagem direta. Sua estrutura e sua forma são tão variadas quanto seu conteúdo.

Do mesmo modo que não podemos dizer qual a sua visão de mundo, não podemos estabelecer regras fixas para seus efeitos sonoros.  Há uma certa imprevisibilidade no ritmo, nas alturas possíveis, no timbre ou no andamento, que poupa, da monotonia e do enfado, os seus ouvintes.

Apesar da associação imediata ao pentâmetro iâmbico, Shakespeare não escreveu somente assim. O “ritmo do coração” muda de pé, elimina ou acrescenta sílabas e desloca acentos, mesmo em peças escritas inteiramente em versos, brancos ou rimados, como Richard II e King John.

Não obstante, haja preciosos trabalhos sobre o aspecto sonoro de sua pena, indicando certa tendência das variações nas peças shakespearianas, a fortuna crítica não encontra um padrão inequívoco nas escolhas do dramaturgo.

Apesar de essa percepção abrir um campo vasto para que as pesquisas possam estabelecer sempre novas relações, não é possível ignorar que as variações formais do texto shakespeariano não contemplam, o tempo todo, nem as classes socais, nem o caráter ou o estado das personagens, nem o tom cômico ou trágico da ocasião. Metro e prosa, rima e verso branco servem a gregos e a troianos sem uma rigidez clara e distinta ou uma preferência poética.

Marlowe parece preferir os versos brancos, desfazendo-se, de certa forma, das rimas, como indica no prólogo de Tamburlaine:

From jigging veins of rhyming mother-wits,

And such conceits as clownage keeps in pay,

We’ll lead you to the stately tent of war,

Where you shall hear the Scythian Tamburlaine

Threatening the world with high astounding terms

 O Bardo, por sua vez, usa as rimas na economia do texto com diferentes funções.  Embora sejam mais recorrentes em temas altos como o amor e a morte, também as usa para chistes como a fala de Drômio de Siracusa, em The Comedy of Errors :‘Was there ever any man thus beaten out of season,/When in the why and the wherefore is neither rhyme nor reason?

E se, por outro lado, alguns dramaturgos elisabetanos também gostavam de brincar com a melodia das homofonias, como Heywood e Dekker, por exemplo, ainda assim Shakespeare tem maior riqueza timbrística, uma vez que, se não inventou palavras e expressões, levou o mérito, ou por tê-las registrado primeiro ou por tê-las recolocado em outros sentidos.

Quanto à prosa, se as cartas não costumam estar em versos, há pelo menos uma em soneto, a de Helena para a Condessa, em All’s Well That Ends Well:

I am Saint Jaques’ pilgrim, thither gone.

Ambitious love hath so in me of ended

That barefoot plod I the cold ground upon,

With sainted vow my faults to have amended.

Write, write, that from the bloody course of war

My dearest master, your dear son, may hie.

Bless him at home in peace, whilst I from far

His name with zealous fervor sanctify.

His taken labors bid him me forgive;

I, his despiteful Juno, sent him forth

From courtly friends, with camping foes to live

Where death and danger dogs the heels of worth.

He is too good and fair for death and me,

Whom I myself embrace to set him free

E do mesmo modo que vemos a prosa na loucura de Hamlet, vemo-la em seus momentos de grande lucidez ou reflexão:

Hamlet

For if the sun breed maggots in a dead dog, being a

god kissing carrion,–Have you a daughter?

Lord Polonius

I have, my lord.

Hamlet

Let her not walk i’ the sun: conception is a

blessing: but not as your daughter may conceive.

Adiante, Hamlet reflete, com beleza e num tom bastante patético e imagético, sobre a vida, ainda que falando em prosa aos amigos Rosencrantz e Guildenstern :

 I have of late–but wherefore I know not–lost all my mirth, forgone all custom of exercises; and indeed it goes so heavily with my disposition that this goodly frame, the earth, seems to me a sterile promontory, this most excellent canopy, the air, look you, this brave o’erhanging firmament, this majestical roof fretted with golden fire, why, it appears no other thing to me than a foul and pestilent congregation of vapours. What a piece of work is a man! how noble in reason! how infinite in faculty! in form and moving how express and admirable! in action how like an angel! in apprehension how like a god! the beauty of the world! the paragon of animals! And yet, to me, what is this quintessence of dust?

A célebre explicação de Jacques, em As You Like It, sobre as idades do homem, mostra a naturalidade com que Shakespeare promovia efeitos diversos na mesma fala. Nela, a um só tempo, ri das características mais corriqueiras do homem, com metro e eloquência, para no último verso, com não menos poesia, valendo-se do polissíndeto e da gradação, imprimir uma dura e triste verdade sobre o fim da vida:

All the world’s a stage,

 And all the men and women merely players;

 They have their exits and their entrances,

 And one man in his time plays many parts,

His acts being seven ages. At first the infant,

 Mewling and puking in the nurse’s arms;

 And then the whining schoolboy, with his satchel

 And shining morning face, creeping like snail

 Unwillingly to school. And then the lover,

Sighing like furnace, with a woeful ballad

 Made to his mistress’ eyebrow. Then a soldier,

 Full of strange oaths, and bearded like the pard,

 Jealous in honor, sudden and quick in quarrel,

 Seeking the bubble reputation

Even in the cannon’s mouth. And then the justice,

 In fair round belly with good capon lined,

 With eyes severe and beard of formal cut,

 Full of wise saws and modern instances;

 And so he plays his part. The sixth age shifts

0 Into the lean and slippered pantaloon,

 With spectacles on nose and pouch on side;

 His youthful hose, well saved, a world too wide

 For his shrunk shank; and his big manly voice,

 Turning again toward childish treble, pipes

And whistles in his sound. Last scene of all,

 That ends this strange eventful history,

 Is second childishness and mere oblivion,

 Sans teeth, sans eyes, sans taste, sans everything

Rir da preguiça do estudante, do exagero do enamorado ou da ambição do soldado, não tira a desolação incontornável de faltar tudo à velhice. O tom elegante não o impede de dizer as coisas jocosas, assim como tal jocosidade não condena a comoção das últimas linhas.   Shakespeare provocava o riso nas tragédias, tanto quanto poderia provocar angústia nas comédias, sem prejudicar, contudo, a adequação ao todo, como protestaram seus detratores neoclássicos.

A linguagem de Edgar, em King Lear, é uma personagem exemplar da fusão dos gêneros e das formas em Shakespeare, pois o caráter e as ações do filho do duque de Gloucester são construídos em tons e formas múltiplas em suas falas, sem que por isso condene o todo, mas antes o enriqueça.

Embora sua heterogeneidade seja fruto da emulação de certa liberdade insular, dominante no teatro elisabetano, que já era, formalmente, livre dos dogmas das poéticas continentais, em Shakespeare, ela tende a ainda mais movimento e modulações, talvez, para melhor servir a um drama com mais especulações filosóficas.

A liberdade filosófica que ele dá ao leitor atento, dá também ao ouvinte distraído. A multiplicidade da plateia parece que possa ter-lhe sugerido mais este recurso para conquistar comerciantes e pobres, nobres e poetas – o recurso do som heterogêneo, sugestivo, mas sem aviso prévio e sem uma constante na aplicação dos elementos estéticos em razão dos afetos ou de seus empregos mais frequentes.

Como a imperícia de Shakespeare, “do pouco latim e menos grego”, está fora de cogitação (de fato, ele parece ter conseguido fazer tudo em teatro), essa polivalência poética, das unidades sintáticas às sequência das cenas, pode indicar sua intenção em trabalhar, para sua filosofia inapreensível, uma linguagem igualmente plural.   Como se quisesse dar à forma uma liberdade cuja único compromisso era com o espetáculo e com as suas ideias complexas que, se não pudessem ser percebidas em sua exuberância poética, pudessem, ao menos, ser sentidas por meio de sons familiares, agradáveis, engraçados e soturnos – contrastados ou não.

Assim, a variedade dos recursos sonoros teria o condão de preencher as lacunas do que não podia, na imediatez do teatro ou na ignorância do público, ser compreendido, além de despertar os que estivessem, de alguma forma, dormindo. Uma multiplicidade que não só servia a uma plateia em tudo diversificada, mas também aos diversos sentidos e ideias que a alta poesia pudesse esconder.

Nem só erudito, nem só popular, nem só artificiosa, nem só transparente, a sonoridade do drama shakespeariano não pode ser especificada, assim como não se pode especificar sua cosmovisão a qualquer doutrina. Em Shakespeare, assim como não são planas as suas personagens, não o são suas imagens, seus sons ou suas ideias. Nada é sem relevo ou opaco. Ouvimos o ritmado e a arritmia, o pausado e o acelerado, a profusão e a parcimônia, as cacofonias e as rimas, da mesma maneira que ouvimos o bem e o mal, o riso e a lágrima, o ser e o não ser.

Mais Sala Lírica: Machado de Assis e Camilo Pessanha

Sala Lírica, (projeto de Mariella Augusta e Flávio Villar Fernandes) nas suas últimas líricas dá som, música e voz a poemas de Machado de Assis e de Camilo Pessanha.

Em Sala Lírica, a música não é ilustração, mas elaboração, o texto cabe lá dentro e é resignificado. Existem alterações da voz em eco, filtro ou em  mudanças de interpretação. As palavras passam a habitar outros sentidos. Cada poema em Sala Lírica é uma nova obra.

Sala Lírica (voz de Mariella Augusta/música de Flávio Villar Fernandes)

No separador No Éter acabámos de adicionar “Sala Lírica”.

Sala Lírica oferece o diálogo entre poesia portuguesa e brasileira com a música contemporânea.

Oh Cores Virtuais Que Jazeis Subterraneas – Camilo Pessanha

Tragedia Brasileira – Manuel Bandeira

Cocktail Party – Mario Quintana

Ao Longe Os Barcos De Flores – Camilo Pessanha

Voz de Mariella Augusta (investigadora associada ao grupo Vox Media) e música de Flávio Villar Fernandes (ECA-USP e membro honorário da Academia de Música do Brasil).

Boa escuta!

Vozes no teatro vicentino… Colóquio Internacional Gil Vicente na mudança dos tempos

No próximo dia 24 de novembro, um dos investigadores de Vox Media, Nuno Meireles, participará no Colóquio Internacional Gil Vicente na mudança dos tempos

O doutorando em Materialidades da Literatura falará de

Vozes de mortos, vivos, alegorias e risos. Ou de como falam os géneros vicentinos.

 Como fala um diabo? Como será a voz de um morto? Um conceito pode falar? Como se escreve uma gargalhada? Vicente, no seu teatro, responde a estas questões com uma imensidão de personagens sobretudo em três géneros dramáticos: farsas, tragi/comédias e moralidades. Escreve para vozes e descreve vozes. Coloca enganadores a mentir, mortos revoltados com a sua morte, alegorias em linguagem corrente e quase todos a soltarem gargalhadas metrificadas. Vemos, então, em todas estas personagens a voz nos géneros vicentinos.

O evento tem organização de José Camões do Centro de Estudos de Teatro/FLUL e conta com a Conferência de José Augusto Cardoso Bernardes, do CLP/FLUC.

PROGRAMA
10.00h – Abertura
10.15h – José Augusto Cardoso Bernardes | Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Gil Vicente: o Todo e as Partes
11.00h – Márcio Muniz | Universidade Federal da Bahia
Copilaçam, 1562: Ordenamento do livro terceiro, que é das Tragicomédias
11.30 – Manuel Calderón | Centro de Estudos de Teatro | FLUL | Universidade de Lisboa
Mudan los tiempos, mudan los afanes. La métrica del teatro de Gil Vicente
12.00 – Pausa
12-15 – Lenora Pinto Mendes | Scriptorium | Universidade Federal Fluminense
Dom Duardos: teatro e música na corte de D. João III
12.45 – Edward Abreu | Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical | FCSH |
Mensagens políticas de Gil Vicente na cena lírica do Estado Novo
13.15h – Almoço
15.00h – Helena Reis Silva – Centro de Estudos de Teatro | FLUL | Universidade de Lisboa
Da distribuição das figuras
15.30 – Ana María Tarrío | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Deuses e heróis em Gil Vicente
16.00h – Nuno Meireles | Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Vozes de mortos, vivos, alegorias e risos. Ou de como falam os géneros vicentinos.
16.30h – Pausa
16.45 – Isabel Almeida | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
“O nosso Gil Vicente”: memória do autor, presença da obra (sécs. XVI-XVII)
17.30 – Encerramento

Data do evento: 24 de Novembro de 2022
Local: Auditório do Museu Nacional do Teatro e da Dança
Horário: 10h00-17h30