COLÓQUIO/Letras (Jan 2022): A Voz na Literatura

COLÓQUIO LETRAS
N.º 209 (Janeiro 2022)
A Voz na Literatura

Não há literatura sem um processo de inscrição material que faz de cada signo uma coisa no mundo fenomenal, para ser vista antes de ser lida, e para ser lida (em silêncio ou não). Ou então, para ser dita, o que é uma outra forma de inscrição material, precedendo e dispensando a escrita ou seguindo-se a ela.
Os artigos do núcleo principal deste número exploram algumas dimensões do fenómeno literário afetadas pela voz enquanto medium da literatura. Não se trata de buscar um privilégio da Origem para o estudo da dimensão vocal do fenómeno literário, mas sim de admitir a relevância de tal estudo para uma versão mais completa, simultaneamente moderna e arcaica, de literatura. As dimensões da voz são estudadas em obras de Homero, Gil Vicente, Camões, Manuel Bandeira, Augusto de Campos e José Emílio-Nelson, respetivamente por José Manuel Cuesta Abad, Nuno Meireles, Matheus de Brito, Osvaldo Manuel Silvestre, Eduardo Sterzi e Pedro Serra.

[sumário]

Na secção de documentos, Mariana Maurício revela um conjunto de cartas que a pianista Maria da Graça Amado da Cunha (1919-2001) — notável intérprete das obras de Fernando Lopes Graça — escreveu aos amigos. Um deles, Alberto de Lacerda, lamentou “que Maria da Graça não tenha escrito memórias”: “conheceu, por assim dizer, toda a gente, de todas as gerações, gente célebre e menos célebre, de Casais Monteiro a Isabel da Nóbrega, de Jorge Peixinho a Manuel Dias da Fonseca e Arminda Correia, de Louis Saguer a João Gaspar Simões e Emmanuel Nunes, compositor que muito admirava. A lista seria interminável”. Ora, essas memórias ou essa autobiografia, embora não publicada, está nas mais de mil páginas enviadas por Amado da Cunha ao poeta e aos correspondentes que manteve entre 1934 e 2000, e de que Mariana Maurício nos apresenta agora uma amostra (em cartas para Ilse Losa, José Rodrigues Miguéis e Alberto de Lacerda).

Para ilustrar o número, João Penalva criou a série O Telefone de Jean Heiberg.

Podcast Vox Lit – Episódio 1

Depois do programa piloto, estreou recentemente o primeiro episódio do podcast Vox Lit:

Vox Lit é o podcast (de carácter mensal) que dá a ouvir a voz das materialidades da literatura. Um desafio entre exploração e divulgação da nossa constelação matliteana.

Episódio 1:
Hipoglote
Exercícios Experimentais
Léxico (Parte 1: Grão)
Comprimido de Leitura
Léxico (Parte 2: Cyborg)
Vozes de Gil Vicente
Matéria de Escuta

Montagem: Mafalda Lalanda, Nuno Meireles, Elena Soressi, Tiago Schwäbl, com Jaqueline Conte e Jordan Eason.

Gil Vicente em DVD: “Auto dos Físicos”

“Auto dos Físicos”, de Gil Vicente, está agora disponível em DVD.

(fotografia de Eduardo Pinto)

Farsa estreada em 2014 por A Escola da Noite, companhia sediada em Coimbra, numa co-produção com a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

Com encenação de António Augusto Barros, o espectáculo conta com as interpretações de Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães e Sofia Lobo, cenografia de João Mendes Ribeiro, figurinos e adereços de Ana Rosa Assunção, luz de Rui Valente, som de Zé Diogo e vídeo de Eduardo Pinto.

A edição em vídeo foi apoiada pela Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura. O DVD custa 10 Euros e pode ser encomendado por mail, através do endereço geral@aescoladanoite.pt. Até à reabertura dos teatros, A Escola da Noite oferece os portes de envio.