A voz
Abre-se o pano da carroça de Thespis:
I met a traveller from an antique land,
Who said—
Quem o diz – mais do que o dito – causa o pasmo do público que, escasso, se arrebanha sob as frias estrelas para assistir ao anunciado espetáculo. O assombro não advirá tanto da representação, mas da “realidade” física do ator. Torna-se impossível ouvir o dito sem considerar o desditoso:
Two vast and trunkless legs of stone
Stand in the desert. . . .
É essa a figura que o palco deserto ilumina: um ator quadramputado cuja cara pincelada apenas desvia ao de leve o que a todos consome o olhar – um monólito de gente do qual sobressai, a custo, a loquacidade daquele ser que mal existe para além dessa grandiloquência: