Som & flama

Na cave do Departamento de Física da UC estão guardados alguns instrumentos de medição (acústica, optométrica, gasométrica, eletromagnética…) encomendados pela Universidade – a sua maioria nos séculos XVIII e XIX – a partir de catálogos distribuídos na época pelas universidades europeias – como os de Max Kohl, por exemplo –  com fins demonstrativos nas aulas da Academia e que, com a queda de paradigmas, foram ampliando a coleção do Museu da Ciência.

O espólio inclui um fonautógrafo do construtor prussiano Rudolf Koenig (1832-1901), à semelhança dos primeiros aparelhos de registo sonoro do francês Édouard-Léon Scott de Martinville (1817-1879), adquirido pela Universidade a pedido de António dos Santos Viegas (1837-1914), à data Diretor do Gabinete de Física (1880-1911), e constituiu o pretexto para a visita do Vox Media ao piso -1 da Rua Larga; GILBERTO PEREIRA, conservador e restaurador do Museu, abriu-nos as portas e guiou-nos pela casamata de vitrines de precisão acústica.

Eis alguns instrumentos:

O fonautógrafo de Martinville (n.º de inventário 403) comprime simultaneamente uma maravilha da técnica e um vislumbre quase trágico: registado na Academia Francesa e patenteado a 25 de março de 1857, este instrumento acústico permitia, com a sua membrana, estilete e rolo rotativo, registar e desenhar o resultado das frequências sonoras, mas não permitia o movimento inverso – e esse foi o grande salto de Thomas Edison em 1877 – a recuperação do som do sono da linha.
Foram necessários 150 anos até a equipa de Patrick Feaster conseguir, em 2008, no âmbito do projeto First Sounds, fazer soar o que nunca havia soado.
Munido de um contador de voltas, a sereia de Cagniard de la Tour (n.º de inventário 383) permite determinar a frequência de vibração de um objeto sonoro: a aplicação de uma corrente de ar faz rodar a turbina, associando assim a frequência à altura do som.
Dada a dificuldade em regular a pressão do ar, era difícil manter um som constante. A sirene foi posteriormente desenvolvida por Hermann von Helmholtz, resultando numa sirene dupla (n.º de inventário 384) construída por Rudolph Koenig:

O analisador manométrico de som (n.º de inventário 407) foi construído por Rudolph Koenig em 1862 e permitia a perceção das diferentes formas das ondas sonoras pela modulação da chama de gás defronte de uma membrana vibrante; a visualização concretizava-se através de um estroboscópio (demonstração abaixo por Paolo Brenni):

Para informação mais detalhada sobre os instrumentos aqui referidos, pesquisar pelo número de inventário no sítio do Museu da Ciência.

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